domingo, 8 de março de 2015

Última Conversa (ou não)


Se eu fechar os olhos com força sinto o teu perfume inundar a minha zona de conforto, vejo o teu sorriso e os teus olhos escuros olharem dentro de mim. Olharem muito para além dos meus. Se eu fechar os olhos sinto os teus lábios beijarem os meus, como se todo o meu ser te pertencesse.
Quando chego a casa do trabalho, depois de mais um dia terrível, só me apetece falar contigo. Resisto à tentação de te enviar uma mensagem, de saber de ti. Resisto à vontade de querer ficar horas a fio a falar contigo, sobre tudo e sobre nada. Queria contar-te o meu dia, e contar-te de novo tantas coisas que já te contei.

Disseste-me uma vez que te conheço melhor que muita gente, mas não consigo acreditar que seja verdade, nem pouco mais ou menos. E aí ainda fico com mais vontade de te voltar a conhecer. De ficarmos perdidos nas horas, entre beijos e abraços, e acordarmos para a vida mesmo na hora do almoço.


Sinto-me bipolar. Tão depressa sinto raiva de ti como sinto umas saudades horríveis. Que me apertam o peito, me sufocam, que aceleram o coração.
Tenho inveja de toda a gente que ainda tem a sorte de fazer parte da tua vida. E apetece-me chorar.
O estrago que fizeste foi demasiado, eu nunca devia ter-te deixado entrar na minha vida. Foste o meu furacão Katrina, que chegou de forma inesperada, arrasou-me por completo e foi embora mais depressa do que chegou.
Estou bem enquanto não te lembro, enquanto não recordo os nossos momentos, as memórias dolorosas que me deixam um vazio enorme cá dentro.

Só queria conseguir fazer voltar o tempo atrás, ou falar-te de tudo isto abertamente, na condição de que a tua resposta seja a mesma que nos meus sonhos: “também tive tantas saudades tuas”.
Sinto que lidei com duas pessoas completamente diferentes. Ou como se nunca tivesse existido aquele Mágico, misterioso e cativante. Sinto que me magoaste de propósito, como se me tivesses a castigar por ser fraca.
Queria poder mandar-te uma mensagem, marcarmos um café, queria que pudéssemos finalmente ter a conversa que nunca tivemos, a conversa que me prometeste mas que nunca aconteceu.

Já passou mais tempo do que eu gostava, e mesmo assim ainda te trago comigo. Acredito que para ti já seja passado, que fui mais uma pessoa na tua lista, mas eu preciso do meu fecho. Preciso de fazer o meu luto, esquecer de ti, das tuas palavras e dos teus beijos, esquecer o quanto me querias, preciso que me morras. Confesso que imaginei castelos, quando na verdade tudo não passou de uma tenda à beira mar plantada. Confesso que quis ler nas tuas palavras mais do que um simples Sexo, mas acho que nunca irei deixar pensar no “e se?”. Não fui honesta comigo, nem com quem me rodeava. Se calhar nem contigo fui, ou nunca teria chegado a este ponto de sufoco.

É ridícula a forma como não me sais da mente, como sou constantemente assombrada por lembranças dos nossos momentos. E tenho tantas saudades tuas, porra! Não me consigo esquecer daquela noite, que me olhaste nos olhos, e me disseste “Que queres que te diga? Que gosto de ti? Sim, gosto!”. Como queria ter-te beijado! A noite estava gelada, eu tinha a alma gelada, e o teu beijo ia acabar com este inverno que se tinha instalado no meu coração. Queria-te (e quero-te?) tanto. Mas tive tanto medo. Ignorar era cada vez mais difícil, estava a por tanta coisa em risco, e mesmo assim era como se uma força imaginária apertasse o meu coração e me obrigasse a respirar apenas o teu nome. Rio-me de mim mesma ao lembrar das tuas mensagens, em que dizias que davas tudo para estar comigo, e agora nem és capaz de me cumprimentar… Se soubesses como isso me magoa. Como é que fomos de íntimos a desconhecidos tão rápido? Acho que nunca te entendi, e mesmo assim estou aqui, a sentir a tua falta. Deixou de ser só sexo para mim ao fim de pouco tempo, e eu não quis perceber isso, não quis admitir que estava a apaixonar-me por um playboy.

Já não posso desabafar com mais ninguém, porque simplesmente disse que estava bem, que já tinha passado e que me estava a cagar para tudo. Mas não estou. Eu não sei o que quero, não sei o que sinto nem que ‘merda’ provocaste em mim, mas hoje será a última vez. Hoje morreste-me, e eu não quero mais lembrar de ti. (Até daqui a umas horas)

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