segunda-feira, 6 de maio de 2013

Estação

A minha vida, neste momento, é como uma estação de comboios.
E eu sou apenas alguém sentada num banco frio e gélido parada no tempo.
Continuo a ouvir o tic-tac dos relógios, vejo chegar carruagens de pessoas que se assemelham a sentimentos. Vejo pessoas novas e menos novas, pessoas tristes e outras extremamente contentes; vejo solidão e apoio, vejo amor e vejo ódio.
Sim, a minha vida é como uma dessas carruagens.
A vida à minha volta continua, com idas e chegadas das mais diversas carruagens, mas eu continuo sentada. 

E mesmo à minha frente, está uma carruagem que não se mexe. Imóvel. Não quer sair dali.
E eu, sinto-me presa a ela. Uma carruagem velha. Mas possui um passado, memórias, carinho e saudade. Saudade de grandes coisas. Como uma amizade inigualável.
Sentia-me presa à carruagem, e assim fiquei durante muito tempo... Tudo no que pensava, tinha a mesma conclusão.
Mas, tempo depois, finalmente acordei.
Deixei de olhar para aquela carruagem velha. Percebi que afinal não me ia levar a lado nenhum. Então, levantei-me e abandonei o banco frio; fui em direcção à bilheteira e comprei um bilhete.
Chegou a carruagem que me ia transportar e nela vi esperança e a alegria que já quase não conhecia.
Finalmente entrei e sentei-me num banco bastante mais confortável e cómodo. Pelo última vez, olhei para a janela e vi-a. A carruagem velha estava lá, e não ia deixar de estar.
E então pensei, e disse baixinho:"Adeus, até qualquer dia. Agora tens outra pessoa para se sentar naquele banco e para olhar por ti."
Chegou a hora, vou parar noutra estação.

Sem comentários:

Enviar um comentário