domingo, 24 de abril de 2011

«Nunca estamos, totalmente sozinhos e perdidos no mundo. Nunca somos, somente, um num milhão, porque seremos sempre um milhão para alguém. Nunca devemos gritar e chorar por os que nos consideram um num milhão, mas devemos fazê-lo pelos que nos consideram um milhão de qualquer coisa. Um milhão de alegria, um milhão de sorrisos, um milhão de orgulho, um milhão de saudades, um milhão de lealdade e um milhão de carinho. Por esses devemos cair e chorar. Por esses devemos desesperar e lutar. Por todos os outros devemos continuar com estes amores sínicos, estes «amo-te» sem sentido, estes «adeus» sem despedida. E esta pequena lágrima no canto do olho, que não podemos deixar cair.
Por uns devemos amar de verdade, por outros devemos fingir que amamos porque é dessa mesma maneira que nos fazem a nós. Por uns devemos sorrir e estar felizes, por outros devemos sorrir e usar máscaras. Devemos representar e sermos meras personagens que estão a representar um papel sínico, mas complicado. Assim, é bonito. Por isso, todos nós somos actores. Todos nós representamos e todos nós somos falsos. Todos nós mentimos e omitimos, todos nós choramos e caímos. Mas poucos somos nós que dizemos «estou-me a cagar!» e realmente agimos assim.»

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